quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Carta ao inventor do Rodas - 3 anos de Sarau da Cesta
Carta ao inventor do Rodas ( 03 de Abril de 2012 – 3 anos de Sarau da Cesta )
“ E para o sr. João Grandino Rodas tudo ? Nada ! ! !
E para o Sarau da Cesta nada ? Tudo ! ! !”
“ A roda é uma das 6 máquinas simples com vastas aplicações no transporte e em máquinas mecânicas, caracterizada pelo movimento rotativo no seu interior.”(Wikipédia). Alavancas, cunhas, molas, eixos de engrenagens e planos inclinados são os outros 5 dispositivos mecânicos. Simplesmente, são espécies de ferramentas capazes de alterar forças, ou para ser ainda mais simples, mudá-las de direção e sentido. Mas ao que isto interessa neste momento de formação de greve? Que o sr. João Grandino Rodas pode ser apenas correia de transmissão de forças muito maiores e mais malignas do que ele em ação. Ganhou a atenção da mídia o último processo sucessório da USP, expondo e ampliando o debate sobre o autoritarismo da estrutura de poder na Universidade de São Paulo, internacionalmente reconhecida a melhor universidade do país. Se considerarmos o levantamento do INEP / MEC, a maior é a UNIP (Universidade Paulista), também levando em conta o número de alunos e em termos de campi espalhados quase em todo território nacional. Existem os ingênuos, porém não existe ingenuidade. A disputa na educação brasileira é a respeito dos diferentes projetos de universidade que coexistem , em disputa não só na USP, porém em todo nosso país. São Paulo é grande mas não é o Brasil.
Voltemos à invenção do Rodas. Assim como nosso objeto circular foi originado do rolo de um tronco de árvore, aconteceu ao jurista e ex-diretor da Faculdade de Direito da USP ser indicado pelo governador do estado de São Paulo mesmo sendo o segundo mais votado de uma lista tríplice para reitor, fato que não ocorria desde a ditadura militar. Também para enrolar um pouco mais o caso, questiona-se inclusive sua ascensão ao posto de diretor da Faculdade do Largo São Francisco. Mas basta de enrolação ! A pergunta é : qual modelo de universidade queremos? UNIBAN ou UNESP ? UNINOVE ou UNICAMP ou ? UNIP ou USP ? Estácio de Sá ou UFRJ ? Queremos que as universidades públicas, estaduais ou federais, entrem na Feira do Rolo Internacional da Educação, onde compra-se, vende-se e troca-se o que quiser, e neste caso, elas aqueçam ainda mais o mercado mundial de mercadorias ou seria melhor estatizar as demais universidades, isto é , ao invés de transferência de renda via estudante ao empresariado da educação, fazer o contrário: o Estado brasileiro comprar as que apresentarem problemas em manter-se funcionando? Propostas, propostas, propostas.
A roda é princípio básico de muitos dispositivos mecânicos. A roda da história também pode ser invertida. Roda da educação que roda cidadania que roda uma outra história possível. Agora falar fatalisticamente que não rola rodar outro filme, outro Brasil, parece mera covardia de povo amendrontado e de classes dirigentes mancomunadas com interesses pouco ou nada nacionais. As ações extremistas colocadas em prática como são as ocupações, dentro e fora dos campi por todo o país, sinaliza que os problemas de nós, brasileiros, incluem terra, moradia, educação básica, muito além de não passar ou ser bem-sucedido em vestibulares. Aliás, o fim do vestibular seria muito bem-vindo. Por que não fazermos sorteios, uma verdadeira loteria de vagas para preenchermos as faculdades democraticamente? E é importante também reafirmar a bandeira histórica de 10% do PIB para o financiamento da educação em todos os seus níveis. Talvez fosse melhor estatizar as universidades que pedem socorro ao governo e o problema de vagas pode ser repensado, desconstruído e outras conformações poderiam ser propostas, enfim, propostas, propostas, propostas.
O Sarau da Cesta é uma contravenção ao sistema do outro, um não pertencimento às representações midiáticas, desconstrução das idéias e dos discursos hegemônicos de novelas, jogos de futebol,sociedade do espetáculo,vida-shopping. Para além de imposturas tolas e outras bobageiras de abstrações sem fim onde a vida intelectual pode se perder, ser um desserviço. Não, nós não inventamos a roda e também não queremos compartilhar as mesmas rodas frequentadas por este reitor-interventor excelentíssimo sr. Rodas. Sim, nossos protestos podem causar risos. Ri mas não desacredita .Brincar é coisa séria! Se brincar é mais do que uma atividade sem consequência para uma criança, pode ganhar contornos ainda mais dramáticos na vida adulta. Se o ato de brincar da criança seria como o trabalho, o aprendizado ( escola, faculdade) para nós adultos, através desta atividade, ou melhor, do Sarau da Cesta, temos possibilidades de nos relacionar com nossos semelhantes, e o mais importante, diferente do estrelato e das afetações, fazer arte-cidadã, com cuidado para não ficar só no discurso, com cautela de compreendermos juntos o afastamento da violência e da insanidade pelo compartilhamento da palavra, pelo deslocamento desta invisibilidade de excluídos ressentidos ou incluídos amendrontados. Rechaço de inferioridades e da falta de posses, reabilitação de passados perdidos e de iniciativas inspiradas em ações reais e liberações sonhadas.
O papo é reto. Fazer saraus durante praticamente 3 anos na FFLCH-Letras/USP, por mais incrível que pareça para quem desconhece a realidade de marasmo e tédio exorbitante que são seus corredores e, sem desmerecer ou desrespeitar os ativistas políticos que também lutam por uma sociedade mais justa, mais humana e mais fraterna, às vezes é tanto quanto ou ainda bem mais difícil e mais dolorido que gritar slogans em passeatas feito palavras de ordem repetidas sem querer se dar conta , ou sem perceber mesmo, que “se eu não puder dançar essa não é a minha revolução”. Assim dizia Emma Goldman e convido a fazermos coro com ela! Até o presente momento são 16 edições e 2 atos simbólicos em apoio a greve dos funcionários em 2010 e a ocupação no CRUSP – Moradia Retomada. E o melhor é sempre o que está por vir. Afinal, slogan por slogan, viva Martin Luther King! “Eu tenho um sonho! E um sonho profundamente arraizado...” para além dos muros da universidade...Sarau da Cesta ! ! !
É isso.
E para o sr. João Grandino Rodas tudo ? Nada ! ! !
E para o Sarau da Cesta nada ? Tudo ! ! !
Tatiana Busato e Caroline Micaelia( em homenagem)
Cláudio Laureatti ( autor do texto)
“ E para o sr. João Grandino Rodas tudo ? Nada ! ! !
E para o Sarau da Cesta nada ? Tudo ! ! !”
“ A roda é uma das 6 máquinas simples com vastas aplicações no transporte e em máquinas mecânicas, caracterizada pelo movimento rotativo no seu interior.”(Wikipédia). Alavancas, cunhas, molas, eixos de engrenagens e planos inclinados são os outros 5 dispositivos mecânicos. Simplesmente, são espécies de ferramentas capazes de alterar forças, ou para ser ainda mais simples, mudá-las de direção e sentido. Mas ao que isto interessa neste momento de formação de greve? Que o sr. João Grandino Rodas pode ser apenas correia de transmissão de forças muito maiores e mais malignas do que ele em ação. Ganhou a atenção da mídia o último processo sucessório da USP, expondo e ampliando o debate sobre o autoritarismo da estrutura de poder na Universidade de São Paulo, internacionalmente reconhecida a melhor universidade do país. Se considerarmos o levantamento do INEP / MEC, a maior é a UNIP (Universidade Paulista), também levando em conta o número de alunos e em termos de campi espalhados quase em todo território nacional. Existem os ingênuos, porém não existe ingenuidade. A disputa na educação brasileira é a respeito dos diferentes projetos de universidade que coexistem , em disputa não só na USP, porém em todo nosso país. São Paulo é grande mas não é o Brasil.
Voltemos à invenção do Rodas. Assim como nosso objeto circular foi originado do rolo de um tronco de árvore, aconteceu ao jurista e ex-diretor da Faculdade de Direito da USP ser indicado pelo governador do estado de São Paulo mesmo sendo o segundo mais votado de uma lista tríplice para reitor, fato que não ocorria desde a ditadura militar. Também para enrolar um pouco mais o caso, questiona-se inclusive sua ascensão ao posto de diretor da Faculdade do Largo São Francisco. Mas basta de enrolação ! A pergunta é : qual modelo de universidade queremos? UNIBAN ou UNESP ? UNINOVE ou UNICAMP ou ? UNIP ou USP ? Estácio de Sá ou UFRJ ? Queremos que as universidades públicas, estaduais ou federais, entrem na Feira do Rolo Internacional da Educação, onde compra-se, vende-se e troca-se o que quiser, e neste caso, elas aqueçam ainda mais o mercado mundial de mercadorias ou seria melhor estatizar as demais universidades, isto é , ao invés de transferência de renda via estudante ao empresariado da educação, fazer o contrário: o Estado brasileiro comprar as que apresentarem problemas em manter-se funcionando? Propostas, propostas, propostas.
A roda é princípio básico de muitos dispositivos mecânicos. A roda da história também pode ser invertida. Roda da educação que roda cidadania que roda uma outra história possível. Agora falar fatalisticamente que não rola rodar outro filme, outro Brasil, parece mera covardia de povo amendrontado e de classes dirigentes mancomunadas com interesses pouco ou nada nacionais. As ações extremistas colocadas em prática como são as ocupações, dentro e fora dos campi por todo o país, sinaliza que os problemas de nós, brasileiros, incluem terra, moradia, educação básica, muito além de não passar ou ser bem-sucedido em vestibulares. Aliás, o fim do vestibular seria muito bem-vindo. Por que não fazermos sorteios, uma verdadeira loteria de vagas para preenchermos as faculdades democraticamente? E é importante também reafirmar a bandeira histórica de 10% do PIB para o financiamento da educação em todos os seus níveis. Talvez fosse melhor estatizar as universidades que pedem socorro ao governo e o problema de vagas pode ser repensado, desconstruído e outras conformações poderiam ser propostas, enfim, propostas, propostas, propostas.
O Sarau da Cesta é uma contravenção ao sistema do outro, um não pertencimento às representações midiáticas, desconstrução das idéias e dos discursos hegemônicos de novelas, jogos de futebol,sociedade do espetáculo,vida-shopping. Para além de imposturas tolas e outras bobageiras de abstrações sem fim onde a vida intelectual pode se perder, ser um desserviço. Não, nós não inventamos a roda e também não queremos compartilhar as mesmas rodas frequentadas por este reitor-interventor excelentíssimo sr. Rodas. Sim, nossos protestos podem causar risos. Ri mas não desacredita .Brincar é coisa séria! Se brincar é mais do que uma atividade sem consequência para uma criança, pode ganhar contornos ainda mais dramáticos na vida adulta. Se o ato de brincar da criança seria como o trabalho, o aprendizado ( escola, faculdade) para nós adultos, através desta atividade, ou melhor, do Sarau da Cesta, temos possibilidades de nos relacionar com nossos semelhantes, e o mais importante, diferente do estrelato e das afetações, fazer arte-cidadã, com cuidado para não ficar só no discurso, com cautela de compreendermos juntos o afastamento da violência e da insanidade pelo compartilhamento da palavra, pelo deslocamento desta invisibilidade de excluídos ressentidos ou incluídos amendrontados. Rechaço de inferioridades e da falta de posses, reabilitação de passados perdidos e de iniciativas inspiradas em ações reais e liberações sonhadas.
O papo é reto. Fazer saraus durante praticamente 3 anos na FFLCH-Letras/USP, por mais incrível que pareça para quem desconhece a realidade de marasmo e tédio exorbitante que são seus corredores e, sem desmerecer ou desrespeitar os ativistas políticos que também lutam por uma sociedade mais justa, mais humana e mais fraterna, às vezes é tanto quanto ou ainda bem mais difícil e mais dolorido que gritar slogans em passeatas feito palavras de ordem repetidas sem querer se dar conta , ou sem perceber mesmo, que “se eu não puder dançar essa não é a minha revolução”. Assim dizia Emma Goldman e convido a fazermos coro com ela! Até o presente momento são 16 edições e 2 atos simbólicos em apoio a greve dos funcionários em 2010 e a ocupação no CRUSP – Moradia Retomada. E o melhor é sempre o que está por vir. Afinal, slogan por slogan, viva Martin Luther King! “Eu tenho um sonho! E um sonho profundamente arraizado...” para além dos muros da universidade...Sarau da Cesta ! ! !
É isso.
E para o sr. João Grandino Rodas tudo ? Nada ! ! !
E para o Sarau da Cesta nada ? Tudo ! ! !
Tatiana Busato e Caroline Micaelia( em homenagem)
Cláudio Laureatti ( autor do texto)
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